Mitologia e Filosofia: diferenças


Mitos eram narrativas orais, utilizadas pelos gregos antigos para explicar os fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, a origem do bem e do mal, e de tudo o que não era compreendido por eles. Os mitos constituem uma forma de conhecimento poética e não racional.

Os mitos possuem um caráter simbólico e explicativo, eles oferecem uma explicação sobre a origem do universo e o sentido da vida por meio de personagens sobrenaturais e fantásticos. A simbologia de deuses e heróis eram utilizados com o intuito de explicar fatos que não se encontravam explicações.

Algumas das questões que a mitologia buscava responder eram: Por que existe o dia e a noite? O que causa um trovão? Por que chove? De onde vem os males do mundo? Para explicar esses fenômenos da natureza, os gregos antigos utilizavam os mitos.

A Medusa era uma figura da mitologia da Grécia Antiga, representada por uma mulher com enormes serpentes na cabeça, que tinha o poder de transformar em estátuas de pedra as pessoas que olhassem diretamente em seus olhos, sendo uma das três irmãs górgonas, filha de Ceto e Fórcis (divindades marinhas), que foi transformada em monstro pela deusa Atena.

Outro mito conhecido é o de Pandora, se dizia que os deuses criaram uma mulher encantadora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas que nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade abriu a caixa, e da caixa saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males do mundo.

Os mitos contavam histórias sobre deuses, semideuses e heróis, mesclando sabedoria popular e costumes da vida cotidiana, oferecendo uma orientação para a vida das pessoas, e uma maneira de entender o mundo. As crenças que transmitidas ajudavam a comunidade a entender a realidade. Parece difícil para grande parte das pessoas conceber um mundo sem ordens e caótico, sem causas ou explicações, o papel dos mitos era oferecer essas respostas.

No séc. VI a.C. em diante, a Grécia passou por diversas mudanças culturais: o comércio com outros povos trouxe conhecimento, a produção artística era muito ativa, a linguagem, moeda e tecnologia (arquitetura e militar) também marcaram esse período. Todas essas experiências modificaram suas formas de vida, a convivência no espaço público, a cidadania e a política.

Surgiram as primeiras cidades-estados, com a união de seus membros numa forma de vida coletiva. Neste momento se iniciou uma nova tentativa de tentar responder os questionamentos sobre a natureza, algumas pessoas não se contentavam mais com explicações mitológicas e passaram a procurar respostas por outros meios.


Condições para o surgimento da Filosofia
  • Viagens Marítimas: as viagens permitiram a descoberta de que os locais que se diziam habitados por deuses, titãs e heróis, eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que se diziam habitadas por monstros e seres fabulosos não possuíam monstros nem seres fabulosos, isso possibilitou o desencantamento e desmitificação do mundo;
  • Invenção do Calendário: uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, constatando os fatos que se repetem, revelaram uma capacidade de abstração nova, uma percepção do tempo como algo natural e não enquanto um poder divino incompreensível;
  • Invenção da Moeda: a invenção da moeda possibilitou uma forma de troca que não se realiza através de objetos concretos ou por semelhança, mas uma troca abstrata, feita pelo cálculo do valor semelhante de coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
  • Comércio: o predomínio do comércio e do artesanato proporcionou o desenvolvimento de técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem os mitos foram criados.
  • Escrita Alfabética: o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas - como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses - supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a ideia dela, o que dela se pensa e se transcreve.

O surgimento da Filosofia foi associado a um novo modo de pensamento. O modo de pensar da antiguidade grega, entre os séculos XX a.C. a VII a.C., era a mitologia, onde a natureza era explicada a partir de histórias míticas. Essa visão de mundo foi contada de geração em geração por muito tempo, transmitindo aos jovens a compreensão de mundo por meio das crenças dos mais velhos.
"Foi por conta do espanto e do assombro que os homens começaram a filosofar e, pelo mesmo motivo, filosofam até hoje."
(Aristóteles)
A filosofia não aceita passivamente as imposições do mundo sem antes investigá-las e questioná-las. A atitude filosófica consiste em se colocar a pensar e refletir sobre o que envolve sua existência, não apenas para ter respostas ou explicações, mas para re-pensar o que se supõe saber.



Referências:
ARANHA; MARTINS. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009.
BOTELHO, José F. A Odisseia da Filosofia. São Paulo: Abril, 2016.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002.
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