Há muito a psicoterapia tinha deixado de ser uma ciência baseada na realidade objetiva do homem, encaminhando-se cada vez mais para uma psicologia idealista, fatalista, ou moralista que falseava a visão real do homem, em consequência de toda uma estrutura e uma atuação do ponto de vista terapêutico.
Tornou-se necessário, portanto, renunciar a tudo e partir da observação direta dos fenômenos e da natureza do homem, para poder, paulatinamente, examinar uns e outros, com suas implicações, quer do ponto de vista fenomenológico, que da atuação vivencial ocasionada pelos fenômenos, tanto emocional quanto dinâmica.
Partindo da análise do homem como tal, da sua maneira de ser e de atuar, das suas necessidades e anseios, pudemos estruturar uma teoria que não quer ser uma nova escola, mas apenas a base do conhecimento indispensável com o qual o terapeuta poderá atuar de mil formas diferentes, para poder reorganizar uma personalidade perturbada.
Fica claro, portanto, que o trabalho apresentado, longe de ser uma escola, é um ponto de partida que permite ao terapeuta usar o conhecimento em profundidade a respeito do homem, que representa o espécime sempre novo em sua subjetividade, para recuperá-lo e encaminhá-lo a um equilíbrio satisfatório.
Partindo dessa premissa chegaremos a uma psicologia e uma psicoterapia que dentro desse entendimento, serão constantemente renovadas e dinâmicas.
De antemão, sabemos as dificuldades e as críticas com que iremos nos defrontar visto não ser fácil aceitar a vida tal como ela é, quer porque o ser humano afastou-se da verdadeira natureza que lhe é inerente, enveredando por caminhos que lhe ocasionam pressões sempre mais violentas e frustrantes, quer porque recorre à fantasia para manter-se alheado de si mesmo.
Fonte:
Texto de Ermanno Ducceschi.
Livro: Psicoterapia Existencial, de 1970.
Livro: Psicoterapia Existencial, de 1970.