Os labirintos de Nietzsche


Nietzsche percorreu caminhos nunca vistos. Mas para voltar ao mesmo lugar?

Nos é conhecido a critica do alemão Friedrich Nietzsche aos valores impostos pelo constructo sociedade-cristianismo, onde bom, mau, bem e mal são  princípios avaliados com a norma dogmática onde ou você se encaixa ou você é excluído.

Segundo o alemão, este é um modo do fraco, aquele que não consegue viver as suas vontades, o ressentido com o forte, invejoso e, justamente por ressentir a sua própria fraqueza de vontades-desejos faz um gigantesco jogo, junto de outros fracos, onde o forte deve se submeter as normas impostas que o oprime por viver suas vontades.

Como peça principal deste jogo Nietzsche chamou de "ideais ascéticos", cujos preceitos e pressupostos seriam a negação da vida e da potencia do homem

"Nós veneramos o que é tranquilo, frio, nobre, passado, distante, tudo aquilo em vista do qual a alma não tem de se defender e se encerrar - algo com que se pode falar sem elevar a voz."
(Friedrich Nietzsche, em 'Genealogia da Moral')

Ao dirigir a vida com preceitos ascéticos, que visam uma verdade, um caminho com um objetivo a ser alcançado, o homem nega tudo o que a vida pode lhe oferecer o que lhe é de direito, suas mazelas, seus gozos, suas conquistas e fracassos, o homem se torna fraco.

O pensamento nietzschiano propõe ao homem que ele seja o dono de sua vida, que ele transvalore não somente aos valores e morais, mas que também a racionalidade, cujo objetivo de ter uma verdade que poderá guiar o homem ao mais adequado também recai sob a critica do filosofo alemão.

Übermensch. O Além-do-homem, contemporaneamente, um corpo sem órgãos, Alá Deleuze e Guattari; Zaratustra nos apresenta um novo modo de viver sem a necessidade de um motivo transcendental, divino, racional

"O homem se acha no meio de sua rota, entre animal e super-homem, e celebra seu caminho para a noite como a sua mais alta esperança; pois é o caminho para uma nova manhã. (..) Então aquele que declina abençoará a si mesmo por ser um que passa para lá; e o sol do seu conhecimento permanecerá no meio-dia. Mortos estão todos os deuses: agora queremos que viva o super-homem."
(Friedrich Nietzsche, em 'Assim Falou Zaratustra')

Mortos todos os deuses agora o super-homem impera. Um novo regime de como viver a vida é imposta, sai a racionalidade e entra a vontade, sai a religiosidade e entra a voracidade de si mesmo. O homem agora tem si como o objetivo, não há mais céus, não há mais a necessidade de compaixão com o outro, só há um deus, uma norma, o super-homem.

A proposta então é massacrar a golpes de martelo a vida em busca de uma verdade transcendental e que está pautada no amanhã incognoscível por uma vida em busca do que se deseja e é melhor para si hoje, agora, no “eu quero, eu posso, eu vou”. A metafísica cristã-racional morre e se cria uma nova, a do homem que se coloca no altar, a maquina desejante que ressignifica o mundo a bel prazer e não se sente mal, pois não há mais valores e morais que a oprime.

O homem está preso em um novo meio de viver a vida, Deus não mais julga nem condena, ele agora faz e deseja, o lado da moeda mudou, mas o valor, será o mesmo ainda?


Texto por João Felipe.
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