De acordo com o existencialismo, a existência humana possui a característica de ser concreta, singular, afetiva, temporal, histórica, livre e finita.
Concreta, no sentido oposto ao abstrato, metafísico ou idealista, mas como um ser que existe e vive concretamente no mundo da vida. O ser humano não é uma representação de um ser ideal ou a materialização de uma alma, mas aquele que vive concretamente no mundo das relações com os outros.
Singular, por reconhecer que cada pessoa é uma, que é diferente de outra, e que não há um modo de ser igual para todos, mas que cada pessoa desenvolve características e peculiaridades próprias em sua existência, referentes ao seu modo de ser singular.
Por entender o ser humano como um ser concreto e singular, o existencialismo entende que este ser não é meramente “natural”, no sentido generalizado; não é atemporal, ou seja, não é o mesmo em qualquer tempo e lugar; não é uma essência, definido por algo anterior à sua existência; e não é uma alma, no sentido de algo que habita o corpo para depois seguir para outro.
O ser humano não é um ser meramente natural, pois não há uma natureza humana universal que defina o modo de ser das pessoas, que delimite o modo como cada um irá viver sua vida.
O ser humano não é atemporal, pois cada pessoa vive num período histórico, num contexto que envolve uma série de relações que constituem seus modos de ser, agir, sentir e se relacionar.
O ser humano não é uma alma, que se prende a um corpo por um período de tempo, até que este se deteriore, para depois seguir a outro corpo. O ser é o corpo que vive concretamente.
O ser humano não é fruto de uma concepção metafísica, ou seja, não há uma explicação para o ser que esteja além, ou fora, do próprio ser. Qualquer definição que não seja sobre o ser que sente e vive no mundo não passa de uma especulação abstrata sobre o ser, portanto o existencialismo se coloca a estudar a existência em sua condição concreta e existente.
Não há uma essência prévia que defina o ser humano, sobre como ele será ou como ele irá viver a sua vida. Cada pessoa é resultado de suas escolhas e experiências de vida.
Chegamos no mundo num contexto, onde há uma série de condições ambientais e históricas que em parte nos determina, mas que também podemos escolher e transformar, por nosso contexto somos determinados, mas também o determinamos.
O ser humano se caracteriza por ser:
- Mortal: todo ser existente um dia falece, sua vida chegará ao fim, tudo o que fizer de si um dia vai acabar;
- Concreto: experimenta sua existência de maneira concreta;
- Singular: se diferencia dos outros por suas particularidades;
- Temporal: toda pessoa viveu um passado e se projeta para um futuro, vivendo nesta tensão entre o passado e o futuro;
- Livre: somos livres para fazer escolhas em nossa vida e responsáveis pelas consequências;
- Histórico: cada pessoa se desenvolve de acordo com as condições históricas e materiais;
- Indeterminado: não há nada que nos determine;
- Vir-a-ser: em constante transformação;
- Emocional: experimentamos o mundo de maneira afetiva;
- No-mundo: habitamos um espaço físico, temporal e contextual, onde nele nos tornamos a pessoa que somos, estabelecemos valores, desejos, gostos e desgostos.
Algumas das condições da existência humana são:
- Conflitos: atravessamos conflitos, paradoxos e contradições na convivência com outras pessoas, por temos valores, concepções de mundo e expectativas diferentes;
- Angústia: nos angustiamos por não sabermos como e o que escolher, por percebermos enquanto seres limitados e por não conseguir realizar todas as nossas possibilidades;
- Sentido da vida: cada pessoa escolhe, cria ou encontra o sentido para sua vida, de acordo com o que busca para si.
Por Bruno Carrasco.