A psicologia existencial entende a pessoa enquanto um ser-no-mundo, ou seja, não entende o sujeito separado do mundo, mas o indivíduo implicado no mundo, em constante relação com sua habitação e temporalidade no mundo.
O sujeito estabelece uma correlação com o mundo, não como uma mera coisa ou um objeto, mas enquanto um corpo presente, participativo, envolvido e marcado pelo mundo. A psicoterapia existencial utiliza como método a fenomenologia, cujo intuito corresponde à descrição da experiência imediata, sem teorizações sobre ela.
O sujeito estabelece uma correlação com o mundo, não como uma mera coisa ou um objeto, mas enquanto um corpo presente, participativo, envolvido e marcado pelo mundo. A psicoterapia existencial utiliza como método a fenomenologia, cujo intuito corresponde à descrição da experiência imediata, sem teorizações sobre ela.
"A psicologia existencial pode ser definida como uma ciência empírica da existência humana que emprega o método da análise fenomenológica."
(Hall-Lindzey, em 'Teorias da Personalidade - Vol. 2')
As primeiras definições sobre a psicologia existencial podem ser encontradas nos livros dos psiquiatras suíços Ludwig Binswanger (1881-1966) e Medard Boss (1903-1990), pois ambos tiveram fortes influências da fenomenologia e da filosofia de Martin Heidegger (1889-1976).
Binswanger formou-se em medicina na Universidade de Zurique, estudou com o psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857-1939), com o fundador da psicanálise Sigmund Freud (1856-1939), estabelecendo com este uma amizade que durou por toda a vida, e com o criador da psicologia analítica, Carl Jung (1875-1961).
No início da década de 1920, Binswanger foi um dos primeiros a aplicar a fenomenologia na prática da psiquiatria. Segundo ele, a análise existencial trata-se de uma análise fenomenológica da existência humana real, com o intuito de reconstruir o mundo interno da experiência. Apesar da grande influência de Heidegger, ele também incorporou em sua teoria algumas ideias do filósofo e pedagogo austríaco Martin Buber (1878-1965).
Boss também se formou em medicina, foi paciente de Sigmund Freud e assistente de Eugen Bleuler num hospital psiquiátrico. Estudou psicanálise em Londres e na Alemanha, com psicanalistas como Ernest Jones (1879-1958), Karen Horney (1885-1952) e Wilhelm Reich (1897-1957). Além disso, trabalhou com Kurt Goldstein (1878-1965), psiquiatra alemão criador da teoria holística do organismo, baseado na teoria da Gestalt.
Em 1946, Boss fez amizade com Heidegger, tendo contato e se interessando por sua filosofia, ele desenvolveu uma nova forma de psicoterapia, chamada de Daseinanálise. Dasein é um termo utilizado por Heidegger para descrever a condição da existência humana enquanto já lançada no mundo e inseparável desta correlação originária.
Tanto Binswanger quanto Boss elaboraram uma nova forma de psicologia partindo de diversas críticas aos sistemas vigentes da época. Entre as principais críticas estava a que esta psicologia seria uma oposição ao uso do conceito de causalidade das ciências naturais, na prática da psicologia. Além de rejeitarem a causalidade, a psicologia existencial também rejeita o positivismo e o determinismo.
"Algo que acontece a uma criança não é a causa de seu comportamento futuro como adulto. Os dois eventos podem ter o mesmo significado existencial, mas isso não significa que o Evento A causou o Evento B."
(Hall-Lindzey, em 'Teorias da Personalidade - Vol. 2')
Segundo eles, para entender a existência humana não é possível utilizar os mesmos métodos das ciências naturais, pois esta requer seu próprio método. Este método é a fenomenologia, e os conceitos: ser-no-mundo, existência, liberdade, responsabilidade, vir-a-ser, transcendência, espacialidade, temporalidade, entre outros.
Uma forte crítica da psicologia existencial é sobre o dualismo do sujeito, um entendimento que divide mente e corpo, sujeito e objeto. Para a psicologia existencial, há uma correlação entre sujeito e objeto, mente e corpo, indivíduo e mundo, entendendo o sujeito e objeto em constante relação e implicados entre si.
A psicologia existencial nega a existência de algo que esteja além, ou fora, do fenômeno para explicar seu aparecimento. Explicações sobre a existência humana resultantes de um inconsciente, de uma energia física ou psíquica, das forças dos instintos, de ondas cerebrais ou de impulsos arquetípicos, são colocadas de lado, entre parênteses.
Segundo a psicologia existencial, os fenômenos são o que se mostram em seu imediatismo, em sua condição pré-reflexiva, antes de qualquer elaboração teórica ou conceitual sobre eles. Eles não são uma fachada ou uma imagem errônea das coisas, mas são as "coisas mesmas". O trabalho da psicologia seria então descrever os fenômenos o mais cuidadosamente possível, buscando a compreensão e não a explicação causal ou a prova.
A principal concepção do existencialismo é de que a pessoa é livre para fazer suas escolhas, sendo esta responsável por sua existência. A liberdade não é algo que a pessoa tenha, mas uma característica do modo de ser humano. Perceber que somos livres para fazer escolhas é, ao mesmo tempo, entender que somos responsáveis pelas escolhas que fazemos.
"A verdade não é atingida por um exercício intelectual; ela é revelada ou descoberta nos próprios fenômenos. Além do mais, a teoria ou qualquer pré-concepção, age como uma viseira na apreensão da experiência ou verdade revelada. Essa verdade só pode ser alcançada por uma pessoa completamente aberta ao mundo. Ver o que há para ser visto sem qualquer hipótese ou julgamento prévio."Os psicólogos existenciais também se opõem ao entendimentos dos indivíduos como um objeto ou animal. Segundo eles, estes entendimentos impedem que o psicólogo possa compreender o indivíduo de modo pleno, e além disso também desumaniza as pessoas. Quando as pessoas são tratadas como coisas, acabam a se considerar como coisas, que podem ser controladas, modeladas e exploradas, isso as impede de viver de uma maneira verdadeiramente humana em suas potencialidades.
(Hall-Lindzey, em 'Teorias da Personalidade - Vol. 2')
A principal concepção do existencialismo é de que a pessoa é livre para fazer suas escolhas, sendo esta responsável por sua existência. A liberdade não é algo que a pessoa tenha, mas uma característica do modo de ser humano. Perceber que somos livres para fazer escolhas é, ao mesmo tempo, entender que somos responsáveis pelas escolhas que fazemos.
Por Bruno Carrasco.
Referência:
HALL, Calvin; Lindzey, Gardner. Teorias da Personalidade. Vol. 2. São Paulo: EPU, 1984.