Educação no Renascimento

(Jogos infantis, Pieter Bruegel, 1560)
(Jogos infantis, Pieter Bruegel, 1560)

O Renascimento foi um período entre os séculos XV e XVI na Europa, de um "nascer de novo" da cultura e dos valores greco-romanos. Este momento envolveu diversas transformações na sociedade que promoveu o Humanismo.

No período do Renascimento houveram algumas invenções muito importantes para a época, como a bússola, a pólvora, a imprensa e opapel possibilitam a ampliação da produção cultural e a expansão da economia.

O encontro dos europeus com as Índias e com o território americano aconteceu no final do século XV, ampliando a configuração geográfica do mundo, promovendo o enriquecimento e o fortalecimento da burguesia comercial. O desenvolvimento do comércio promoveu uma revolução comercial e o desenvolvimento do capitalismo, marcando as relações comerciais entre a sociedade.

As contestações aos dogmas religiosos, quebrando a estrutura autoritária da Igreja que predominou durante a Idade Média, com o luteranismo, calvinismo e anglicanismo. A Igreja criou o movimento da contra-reforma, como reação à reforma.

Houve uma ampliação dos estudos e da ciência, juntamente com um grande desenvolvimento nas artes (pintura, literatura, música e escultura), possibilitando reaparecer as preocupações pelos prazeres mundanos: as vestimentas, a vida familiar e social.

Todos esses acontecimentos fizeram surgir uma nova corrente de pensamento denominada humanismo, na busca de uma nova imagem de ser humano e de cultura, além das explicações meramente teocêntricas.

O Renascimento possibilitou uma nova configuração da sociedade, com a ascensão da burguesia. Foi um momento de grandes contradições de ideais, buscando a retomada dos valores greco-romanos. Houve um grande rompimento com a autoridade dogmática da Igreja católica, surgindo a necessidade de uma educação mais voltada para as questões práticas da vida.


Reforma Protestante e Contra Reforma


A reforma protestante criticava a atuação da Igreja Católica e defendia a personalidade autônoma, repudiando a hierarquia religiosa, onde se destacam Martinho Lutero (1483-1546) e Filipe Melâncton (1497-1560), que lutaram pela implantação da escola primária para todos. Segundo Lutero, a educação deveria ser obrigação e responsabilidade do Estado.

Porém, a universalização da educação não implicava em igualdade na formação: os mais pobres tinham uma educação mais elementar, enquanto que os ricos tinham a possibilidade do ensino médio e superior. Toda educação protestante tinha como princípio a educação humanista, estudando história e matemática, valorizando as atividades físicas e repudiando os castigos físicos.

Como reação a esses movimentos, a Igreja Católica se organiza para recuperar o espaço que vinha perdendo, iniciando o movimento da Contra Reforma, com o intuito de reafirmar a supremacia do papa, os princípios da fé e a expansão de seminários para impedir a expansão protestante.

Com o protestantismo, a pedagogia se afirma no direito-dever de todo cidadão em relação ao estudo, ao menos em nível elementar, inclusive com o princípio da obrigação e da gratuidade da instrução, no caminho para uma concepção de autonomia de formação, não estando mais o indivíduo dependente de uma autoridade de verdade da Igreja.


Representantes da Pedagogia Humanista


Juan Luis Vives (1492-1540) escreveu um Tratado de Ensino, onde expressa as preocupações de sua época, como o cuidado com o corpo, com o aspecto psicológico da educação e o ensino da língua materna.

Erasmo de Rotterdam (1467-1536) escreveu "O Elogio a Loucura", onde criticou as estruturas de poder mantidas pela tirania e pelas supertições. Ele propôs reflexões sobre a educação de sua época, sugerindo que ela não tenha como intenção a obtenção de resultados imediatos.

François de Rabelais (1494-1553) criticou o modelo de educação escolástica, a tentativa de conciliar o ideal de racionalidade com a fé católica, defendendo a retomada do saber greco-latino. Em seus livros ele expressa a necessidade de extirpar todo resquício do pensamento medieval de educação para um novo modelo de ensino renascentista.

Michel de Montaigne (1533-1592) escreve "Os Ensaios", criticando o rigor excessivo da educação e sua memorização, valorizando a integralidade da formação humana, sendo contrário ao uso de castigos para a obtenção de resultados. Para ele a pessoa educada traz em si elementos de dúvidas e contradições, numa perspectiva um tanto cética.


Referência:
ARANHA, Maria Lúcia. História da Educação e da Pedagogia: Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2012.
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