A subjetividade é o conjunto de qualidades e características individuais de uma pessoa, tudo aquilo que há de mais particular, que a diferencia das outras pessoas. Envolve seus sentimentos, seus desejos e expectativas, seus gostos e aversões, sua maneira de se perceber e de perceber o mundo, enfim, tudo o que configura uma pessoa singularmente.
O termo "subjetivo" é utilizado em oposição a "objetivo", que seria algo observável ou palpável. Podemos observar os comportamentos de uma pessoa, mas nem sempre compreendemos seus sentimentos, seus desejos, suas expectativas e frustrações. A subjetividade envolve um conjunto de características constituídas internamente em cada indivíduo a partir de suas relações sociais: seus modos de pensar, sentir, seus valores e significados.
Trata-se da maneira como sentimos, pensamos, imaginamos, amamos e odiamos, que constitui nossa subjetividade. Nossas experiências subjetivas são construídas a partir da relação que estabelecemos com o mundo cultural, onde diversos fatores se combinam e possibilitam uma experiência muito singular, e por meio delas vamos nos constituindo a cada dia, nos aproximando e distanciando de lugares, objetos, pessoas e atividades.
"Ter uma experiência da subjetividade privada bem nítida é para nós muito fácil e natural: todos sentem que parte de suas experiências é íntima, que mais ninguém tem acesso a ela. É possível, por exemplo, ficar um longo tempo pensando se vamos ou não fazer uma coisa, quase decidir por uma e, no final, acabar fazendo a outra, sem que ninguém fique sabendo de nada."
(Figueiredo & Santi, 'Psicologia, uma (nova) introdução')
A subjetividade se caracteriza por ser sempre singular, apesar de se apropriar de modos de ser de outras pessoas, ela constitui maneira única de ser, mesclando experiências e vivências. Além disso, não é uma característica inata no indivíduo, pois se constrói na sua relação com os outros indivíduos, apropriando-se de suas experiências e reelaborando estas, por isso a subjetividade está sempre em transformação, por meio das relações com o mundo externo que cada pessoa constrói seu mundo interno.
Na experiência cotidiana, muitas pessoas acreditam que temos um modo de ser específico e que sempre seremos da mesma maneira, mas isso é impossível, pois o modo como éramos na infância é muito diferente do modo como fomos à juventude, que muda novamente na vida adulta e provavelmente se tornará bem distinto durante a velhice. O nosso corpo muda, nossos gostos, desejos, interesses, amizades, enfim toda a vida muda e assim nossa subjetividade.
"A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social."
(Bock et. al., em 'Psicologias - uma introdução ao estudo de psicologia')
Apesar de se constituir na relação com o mundo e com as outras pessoas, a subjetividade não é pura passividade, ela é resultado de uma relação entre as condições biológicas, as experiências sociais e a relação consigo mesmo, podendo sempre ser transformada, de modo que é possível estabelecer novas formas de subjetividade, que corresponde a novas maneiras de ser consigo mesmo e de se colocar no mundo.
Quando nos dedicamos ao estudo da subjetividade, buscamos compreender os diferentes modos de ser, nos aproximando das relações entre as pessoas com a cultura, a política, a economia, a história e a geografia, e de que modo essas relações se sintetizam na experiência de uma pessoa e em seus modos de ser, sentir, pensar e agir.
Por Bruno Carrasco.
Referências:
BOCK, Ana M. Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, M. de Lourdes. Psicologias - uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
FIGUEIREDO, Luiz Cláudio; SANTI, Pedro Luiz. Psicologia, uma (nova) introdução: uma visão histórica da psicologia como ciência. 2. ed. São Paulo: Educ, 2004.