Michel de Montaigne (1533-1592) foi um jurista, filósofo, escritor, cético e humanista francês do período do Renascimento. É considerado o inventor do ensaio enquanto forma de escrita. Em suas obras analisou as instituições, as opiniões, os costumes e os dogmas da sua época.
Criticou a educação meramente memorizante, propondo um ensino voltado para a experiência e a ação. Acreditava que a educação livresca exigiria muito tempo e esforço, o que afastaria os jovens dos assuntos mais urgentes da vida.
"Que filosofar é aprender a morrer."
"A cada minuto me parece que escapo de mim."
"Cada homem traz em si a forma inteira da condição humana."
"Quem ensinasse os homens a morrer estaria ensinando-os a viver."
"A pior desgraça para nós é desdenhar aquilo que somos."
"A vida por si só não é bem nem mal: é o lugar do bem e do mal conforme a fazeis para eles."
"Desdenhar a vida é ridículo, porque afinal de contas a vida é nosso ser, nosso tudo."
"Não vamos, somos levados com as coisas que flutuam, ora docemente, ora com violência, conforme a água é turbulenta ou calma."
"Qualquer que seja a duração de vossa vida, ela é completa. Sua utilidade não reside na duração, e sim no emprego que lhe dais. Há quem viveu muito e não viveu."
"Se minha alma pudesse tomar pé eu não ensaiaria, eu me decidiria: ela está sempre em aprendizagem e à prova."
"Como homem que continuamente vou incubando meus pensamentos e dando-lhes a luz em mim, a todo o momento estou preparado para o que posso ser."
"Não posso fixar o objeto que quero representar: move-se e titubeia como sob o efeito de uma embriaguez natural. Pinto-o como aparece em dado instante, eu não pinto o ser. Eu pinto a passagem."
"Em verdade, o homem é de natureza muito pouco definida, estranhamente desigual e diverso. Dificilmente fundaríamos sobre ele julgamento constante e uniforme."
"Interpretar as interpretações dá mais trabalho do que interpretar a própria coisa, mas escrevemos mais livros sobre livros do que sobre os assuntos mesmos; não fazemos mais que nos entreglosar. Há excesso de comentadores mas escassez de autores."
"Me basta passar o tempo como me agrada; e a melhor situação que eu me possa conceder, adoto-a, por menos gloriosa e exemplar aos outros que vos parecer."
"Quero que ajamos, que prolonguemos as tarefas da vida tanto quanto pudermos, e que a morte me encontre plantando minhas couves, mas despreocupado dela, e mais ainda de meu jardim imperfeito."
"É o leitor distraído, não sou eu, quem perde meu assunto: sobre este, sempre se achará em algum canto alguma palavra que não deixa de ser bastante. Vou em busca da variedade, descomedida e tumultuadamente: o meu estilo e o meu espírito vão vagueando juntamente."
"Os que se dedicam à crítica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo."
"Se chamamos monstros ou milagres até onde não vai nossa razão, quantos tais se deparam continuamente à nossa vista? Consideremos através de que névoas e como às apalpadelas somos conduzidos ao conhecimento das coisas que temos às mãos e com certeza descobriremos ser antes costume que ciência o que as priva de estranheza para nós."
"Para julgar as aparências que recebemos das coisas, ser-nos-ía necessário um instrumento judicatório; para verificar este instrumento, é necessário uma demonstração; para verificar a demonstração, um instrumento; eis-nos num círculo. Desde que os sentidos não podem deter nossa disputa, sendo eles próprios cheios de incertezas, é preciso que seja a razão; nenhuma razão se estabelecerá sem outra razão; eis-nos a recuar até o infinito."
"De todas as criaturas, a mais frágil e miserável é o homem, mas ao mesmo tempo, como diz Plínio, a mais orgulhosa. Ele se sente e se vê colocado na lama e no esterco do mundo, amarrado, pregado à pior parte do universo, (...) e eis que por sua imaginação se alça acima da órbita da lua e supõe o céu a seus pés! Pela vaidade mesma desta imaginação iguala-se a Deus, atribuindo-se as próprias qualidades divinas que ele mesmo escolhe. Separa-se das outras criaturas, distribui as faculdades físicas e intelectuais que bem entende aos animais, seus companheiros. (...) Quando brinco com minha gata, sei lá se ela não se diverte mais do que eu. Distraímo-nos com macaquices recíprocas, e se tenho meu momento de iniciar ou terminar o folguedo, ela também o tem."