Aristóteles foi um dos filósofos mais influentes da antiguidade grega, considerado um dos principais nomes do pensamento ocidental. Nasceu em 384 a.C., em Estagira, e foi discípulo de Platão. Seu pai foi médico de Filipe, rei da Macedônia, Aristóteles foi tutor de Alexandre, o grande, filho do rei Filipe. Sua obras tratam de assuntos diversos, como a metafísica, a lógica, a política, a física e a poesia.
Ele entendia ser possível fazer ciência a partir das coisas materiais, utilizando definições e conceitos que permanecem inalterados. Frequentou assiduamente a Academia de Platão, mas com o passar do tempo formulou suas próprias ideias, rejeitando a teoria das ideias de seu mestre. Segundo ele, o universo era ordenado por leis constantes e imutáveis, que regem a natureza, a política, a moral e a estética.
“Foi por conta do espanto e do assombro que os homens começaram a filosofar e, pelo mesmo motivo, filosofam até hoje.”
(Aristóteles)
Por volta de 340 a.C., o filósofo fundou sua própria escola filosófica em Atenas, conhecida como Liceu, onde permaneceu ensinando por cerca de dez anos. Interessado pela biologia, dedicou muitos de seus estudos à observação da natureza e a classificação dos seres vivos, buscando elaborar um entendimento científico sobre a realidade, usando a lógica como ferramenta do raciocínio.
Buscou estabelecer a ciência como uma forma de conhecimento verdadeiro e confiável, capaz de superar os enganos da opinião e entender a natureza. Segundo ele, a filosofia consistia no abandono do senso comum para a consciência crítica, e a ciência deveria partir da realidade empírica para buscar as estruturas essenciais de cada ser, partindo dos seres individuais para alcançar a essência, indo do individual e específico para o universal e genérico.
Aristóteles entendia que o inteligível estava neste mundo e operava nas coisas materiais. Em sua tentativa de explicar o movimento e a mudança dos seres e das coisas, entendeu que todas as coisas eram constituídas de dois princípios inseparáveis: a matéria e a forma. A matéria corresponde ao princípio indeterminado dos seres e das coisas, e a forma seria o princípio que determina os seres e as coisas.
A forma seria mutável, correspondendo ao que está sendo, e a matéria seria a mesma, no sentido do que a coisa é compsota. Na mudança, é sempre a forma que muda, enquanto que a matéria se mantêm a mesma. Por exemplo, um anel de ouro é derretido para ser moldado no formato de uma corrente, há uma transformação em sua forma, de anel para corrente, mas mantêm-se sua matéria, que é o ouro.
Com isso, ele criticou a teoria das ideias de seu mestre Platão, destacando que as ideias estão neste mundo, e não em "outro mundo", entendendo que são como as formas que observamos. Observou que uma semente não é o mesmo que uma planta, assim como um livro não é uma árvore. Mas a semente pode tornar-se uma árvore, já um livro não.
Por isso, em todo ser devemos distinguir: o ato e a potência. O ato corresponde a manifestação atual do ser, aquilo que ele é no momento presente, por exemplo a semente é uma semente, a árvore é uma árvore. A potência consiste na capacidade do ser se tornar algo distinto, suas capacidades, aquilo que ainda não é, mas que pode vir a ser, por exemplo a semente pode se tornar uma árvore, e a árvore pode dar frutos.
Todas as coisas naturais são ato e potência, são algo num momento e podem vir a se tornar outra coisa, em outro momento. Uma semente pode se tornar uma árvore, se encontrar as condições adequadas para isso, como um clima, solo, adubo, água e sol adequados. Por meio dessas teorias, Aristóteles buscou explicar a mudança das coisas no mundo e a transitoriedade.
Quando tratamos de uma semente que se transforma em árvore e em um anel que se converte em corrente, nos referimos a duas classes distintas de seres. Na primeira, temos um ser natural, onde a mudança ocorre por um princípio interno. Na segunda, temos um ser artificial, cuja transformação se dá por um princípio externo. Há princípios internos e externos que levam os seres ao movimento, passando da potência ao ato, esses princípios o filósofo denominou por causas.
Por conta de condições externas, como alterações climáticas, uma árvore frutífera pode não dar frutos, contrariando sua potência. Aristóteles entende esses casos como acidentes, que ocorrem no ser, mas que não fazem parte de sua essência. A substância corresponde ao atributo essencial do ser, que mais intimamente corresponde ao ser é, sem o qual ele não é. O acidente corresponde ao atributo circunstancial e não essencial do ser, que pode ocorrer, mas que não é necessário para definir a natureza própria desse ser.
Segundo Aristóteles, a razão o conduz à prática da virtude, orientando os atos de uma pessoa. Para ele, a virtude consiste na justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta. Neste sentido, a virtude da prudência é o meio-termo entre a precipitação e a negligência; a virtude da coragem é o meio-termo entre a covardia e a valentia insana; a perseverança é o meio-termo entre a fraqueza de vontade e a vontade obsessiva. Por isso a ética aristotélica costuma ser referida como uma ética do meio-termo.
Referências:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002.
COTRIM; FERNANDES. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.