Érica Nunes escolhe palavras para expressar suas vivências internas e intensas, o que destaca o caráter existencial de sua poética e dos temas abordados. Sua escrita flui aleatoriamente, tanto em momentos de alegria, quanto tristeza, interesse e tédio. Apesar disso, ela não se considera escritora, diz que apenas tenta colocar no papel sentimentos que surgem no cotidiano, atividade que realiza desde sua infância. Muitos dos poemas surgem ao ouvir uma música, admirar uma paisagem, ou simplesmente na madrugada ao tentar dormir. Segue abaixo alguns de seus poemas:
Olho no relógio e falta cinco minutos para uma da manhã.
Estou aqui, atenta, ativa, sem pestanejar.
Não por livre vontade do meu corpo, mas sim porque minha mente resolveu virar.
Atrevida por demais, não se importa que amanhã eu tenha que acordar cedo.
Não consigo domá-la, o jeito vai ser ceder as suas vontades.
Começo então a me entregar, logo vem a vontade de escrever,
ainda sem saber sobre o que a madame da minha mente quer dizer.
Dessa vez pelo que parece não tem nada muito específico, a madame pelo jeito quer mesmo é aparecer.
Mostrar que está por aqui, mostrar que ela faz parte, mostrar que tem vontades.
O jeito vai ser deixar fluir.
O mundo está tão chato… será mesmo?
Às vezes me pego com essa frase na cabeça “o mundo está tão chato”.
Olho então para as paredes do meu quarto, para a escuridão profunda e vazia que há nela e não encontro nada.
Percorro pela casa, passo por cada cômodo. Tento me distrair, tento encontrar algo que me cative, mas nada me sacia.
Entro nas redes sociais, no mundo virtual e mesmo com tantas possibilidades de entretenimento que atualmente existem, com as diversas possibilidades de se conectar, nada me atrai, ou pelo menos, não o suficiente.
Então vem a minha mente, “o mundo É tão chato…”
Neste compasso de vai (pego o celular) e vem (não encontro nada), vou ali, vou aqui, vou vivendo…
Vivendo, existindo ou sobrevivendo?
Sei lá a essa altura.
Sei que vou tentando, tentando viver, existir, sobreviver.
Tentando aprender a viver.
Reprogramar
Tudo que ela queria era uma tarde tranquila.
Longe de toda confusão do cotidiano, dos falatórios, da abundância de informação.
Deitar em uma rede, sentir a brisa suave dos ventos, ouvir o som da chuva e ficar longe de tudo. De tudo que tirava sua paz, que roubava seu sono.
Era tudo o que ela queria, relaxar, viajar em seus pensamentos e por uma tarde ficar em seu mundo, sem se preocupar com a hora de voltar.
Tudo que ela queria era se descarregar, se esvaziar de si, de todos e do mundo. Para se reprogramar, se reconfigurar, se sentir nova, e por fim se redescobrir mais uma vez.
Que vontade de você, vontade dos teus beijos, de cada mordidinha surpresa em meus lábios.
Vontade de sentir suas mãos passando em meu corpo, mãos que alcançam cada centímetro, que me percorrem de ponta a ponta, da cabeça aos pés.
Que vontade de você, vontade de sentar em seu colo e beijar cada parte do seu pescoço, como se não houvesse amanhã, vontade de sentir sua barba tocar em meu rosto e de me roçar nela.
Que vontade de você, vontade dos teus amassos, me colocando contra a parede, vontade de sentir a pressão do seu corpo contra ao meu, me encarcando com voracidade e ao mesmo tempo leveza.
Que vontade de você, vontade de ouvir seus sussurros em meus ouvidos, sussurros tão baixos que quase inexistentes.
Vontade de ver teus olhos revirando, ficando brancos como se perdessem os sentidos.
Que vontade, vontade de perder os sentidos junto a ti, ou melhor, me perder em teus braços, me perder e custar a me achar, me perder em ti e por aí ficar.
Vontade das sensações que você me causa de conforto e paz, dos sentimentos que são liberados, de afeto e carinho.
Que vontade… vontade agora que já passa a ser saudade.
Eu quero tudo e você?
Eu quero seu corpo, mas não somente seu corpo, quero o que dá rumo a ele também, quero seu coração!
Quero o seu cheiro suave e gostoso depois de um maravilhoso banho, assim como quero seu odor depois de uma longa caminhada.
Quero o seu sorriso mais faceiro, sem nunca negar uma lágrima tímida que possa sair de ti.
Quero conhecer todos os seus sonhos e te apoiar em cada um, mas também quero suas frustrações e estar em cada uma contigo.
Quero suas risadas mais gostosas, assim como quero seus choros mais angustiantes.
Quero você nos seus dias mais bem humorados, como também te quero nos momentos mais rabugentos.
Quero você em todas as noites que estiver engomadinho, assim como te quero nas manhãs desajeitadas.
No final eu quero tudo, quero você! Quero você pelo que és e não pelo que posso idealizar em minha mente. Quero você assim do jeitinho que é, o pacote completo. Eu quero tudo, tudo mesmo e você?
Já não me interessa mais as superfícies do sentir,
Eu quero as intensidades.
Quero ver o que tem debaixo da capa,
o que fica a margem e ninguém mais vê.
Quero as experimentações do viver.
Me deixar sentir, me deixar viver.
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