Karl Marx e o Capitalismo

Gravura de trabalhadores, autor desconhecido (1850)

Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, economista, historiador e sociólogo alemão, que elaborou um estudo da história a partir das relações de produção material da vida, fazendo uma análise do capitalismo e propondo uma teoria revolucionária de ação prática.

Marx rompeu com tradição de pensadores inclinados em favor da burguesia e da aristocracia, se voltando para a emancipação dos trabalhadores, relacionando filosofia com direito e história. Criticou a dialética idealista de Hegel (1770-1831) e analisou a história a partir de uma dialética materialista.

"Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência."
(Karl Marx)

Invertendo a perspectiva de Hegel, que entendia a vida material como resultante da consciência do espírito coletivo, Marx propôs o entendimento de que a consciência é resultado das condições materiais de trabalho e produção. Segundo ele as pessoas se constituem a partir das relações econômicas.

Sua filosofia operou uma crítica da tradição filosófica anterior a ele, entendida como prioritariamente teórica e desvinculada da realidade social e econômica, Marx leva em consideração as bases materiais, entendendo as ideias como resultantes das condições materiais de vida, atribuindo grande importância às relações de trabalho.

"Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é transformá-lo."
(Karl Marx, em ‘Tese sobre Feuerbach’)

As relações de trabalho era um tema praticamente ausente na filosofia desde a Antiguidade, é com Marx que esse tema aparece com maior destaque na filosofia. Segundo ele, apesar dos modos de vida se transformarem, o trabalho é a única relação invariante entre os seres humanos e a natureza, ou seja, em todos os tempos as pessoas precisaram trabalhar para viver.

O trabalho não tem o sentido apenas de um emprego formal, mas para Marx tem o sentido mais amplo de toda atividade humana que altera a natureza, e por transformar a natureza, altera a si mesmo também. A consciência se constitui resultante do meio em que a pessoa vive, numa relação material que estabelece com a natureza por meio do trabalho.

Tendo constatado isto, Marx vai elaborar uma análise dos diferentes estágios de transformação da história a partir das relações materiais de produção e de trabalho. Sua análise envolve os modos de produção e de relação comercial, a economia, a política, a história e a sociologia. Segundo ele, a vida material resulta das condições da vida social, econômica e política.

"O regime da produção e a estruturação social que dele necessariamente deriva em cada época histórica constituem a base sobre a qual se assenta a história política e intelectual dessa mesma época."
(Marx e Engels, em ‘Manifesto do partido comunista’)

Marx entende que a história não é resultante de um plano previamente estabelecido, mas de circunstâncias modificadas por meio das relações de trabalho. Sua análise do capitalismo pretende compreender as relações econômicas de seu tempo a partir de uma dialética materialista, das relações materiais de produção.

Em suas análises, entende que as características do modo de produção capitalista são: a separação entre o trabalho e a propriedade dos meios de produção - onde o trabalhador não possui as ferramentas necessárias para seu trabalho, e aquele que produz não trabalha, e a produção da mais-valia, que consiste na diferença entre o valor da força de trabalho e o valor do produto.

O capitalismo gera duas novas classes sociais: os proletários (trabalhadores) e os burgueses (proprietários das fábricas). A relação entre a mercadoria é transformada, que anteriormente era entre mercadoria trocada por dinheiro que era novamente trocada por outra mercadoria, passou a ser entre dinheiro trocado por mercadoria, para gerar mais dinheiro.

Apesar de toda essa condição, os proletários não se percebem como capazes de transformar as relações, por conta da ideologia, que apresenta as ideias de maneira separada das relações materiais, ocultando esta divisão da sociedade, fazendo parecer que todos possuem as mesmas condições de vida e trabalho, porém na realidade há grupos com interesses opostos e os que possuem mais acabam usufruindo mais. A ideologia mantêm a ilusão de uma relação harmônica entre as diferentes classes sociais.

Por Bruno Carrasco, terapeuta, professor e pesquisador, graduado em Psicologia, licenciado em Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em Ensino de Filosofia, Psicoterapia Fenomenológico Existencial e Aconselhamento Filosófico. Nos últimos anos se dedica a pesquisar sobre filosofia da diferença e psicologia crítica.

Referências:
GHIRALDELLI Jr, Paulo. História Essencial da Filosofia. Vol. 4. São Paulo: Universo dos Livros, 2010.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 12 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Lisboa: Avante, 1997.
REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

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