A filosofia contemporânea corresponde ao período que vai do final do século XIX até os dias atuais, sendo caracterizada por sua diversidade teórica e de perspectivas. Se diferencia das filosofias anteriores por questionar a validade do conhecimento, a ideia de verdade e a tradição filosófica, trabalhando com questões como a subjetividade, as relações humanas, os conflitos sociais, as relações de poder, a linguagem, o papel da ciência, entre outros.
Geralmente a história da filosofia é dividida em quatro períodos: Antiga (séc VI a.C. à V d.C.), Medieval (séc. V à XV), Moderna (séc. XVI à XVIII) e Contemporânea (séc. XIX à atualidade). Essa divisão é muito mais didática, suas datações são todas aproximadas, o intuito dessa divisão é facilitar o entendimento das diferentes perspectivas de cada período, destacando suas características históricas. Além disso, esses períodos são caracterizados da produção de filosofia na Europa.
Enquanto a Filosofia Antiga se dedicava à metafísica e a ética, a Medieval passou a tentar conciliar fé e razão, a Moderna priorizou a epistemologia, e a Contemporânea enfatiza a pluralidade de saberes e experiências. Diferente dos períodos anteriores, onde haviam sistemas filosóficos abrangentes e totalizantes, o período contemporâneo é marcado pela multiplicidade de perspectivas, pelo ceticismo com relação a verdades absolutas e pelo questionamento das estruturas tradicionais de pensamento.
Transformações históricas e sociais como a Revolução Francesa, a Revolução Industrial, guerras e avanços tecnológicos influenciam o pensamento filosófico de nosso tempo. De modo amplo, a filosofia contemporânea problematiza a ideia de uma verdade única, a primazia da razão sobre as experiências e o papel de poder do conhecimento científico, valorizando a multiplicidade de perspectivas e investigando criticamente os saberes instituídos.
Entre as tendências filosóficas desse período estão o Marxismo, Existencialismo, Fenomenologia, Filosofia Analítica, Pragmatismo, Estruturalismo, Escola de Frankfurt e Desconstrucionismo. Entre os principais filósofos, podemos mencionar Arthur Schopenhauer, Sören Kierkegaard, Karl Marx, Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl, Martin Heidegger, Theodor Adorno, Jean-Paul Sartre, Jean-François Lyotard, Richard Rorty, Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jacques Derrida.
Críticas à Metafísica Tradicional
Um dos traços distintivos da filosofia contemporânea é a crítica à metafísica clássica, especialmente no que diz respeito à noção de essência e substância. Heidegger propõe uma desconstrução da metafísica, argumentando que a filosofia ocidental negligenciou o sentido do ser ao priorizar categorias fixas e racionais. Essa crítica influenciou movimentos como a fenomenologia e o existencialismo.
Linguagem e Significação
A virada linguística foi um marco da filosofia contemporânea, destacando o papel da linguagem na constituição do pensamento e da realidade. Wittgenstein sustenta que "os limites da minha linguagem correspondem aos limites do meu mundo", enfatizando que os problemas filosóficos muitas vezes surgem de confusões linguísticas. Essa perspectiva influenciou a filosofia analítica e os estudos sobre discurso e poder.
Crítica às Estruturas de Poder e Subjetivação
A filosofia contemporânea também se ocupa da análise das relações de poder e da formação dos sujeitos. Foucault investigou os dispositivos que moldam a subjetividade e regulam comportamentos, afirmando que "o poder não é algo que se possui, mas algo que se exerce em redes de relações". Essa abordagem influenciou a filosofia política e as teorias sociais.
Rejeição de Narrativas Totalizantes
A crítica às metanarrativas foi amplamente desenvolvida por autores como Lyotard, que define a pós-modernidade como "a incredulidade em relação às grandes narrativas". A fragmentação do saber e a valorização das diferenças tornaram-se aspectos centrais da contemporaneidade.
Interdisciplinaridade e Filosofia Prática
Diferente da filosofia clássica, que frequentemente se concentrava em questões abstratas, a filosofia contemporânea dialoga com diversas áreas do conhecimento, como as ciências sociais, a literatura e a psicanálise. De acordo com Rorty, "a filosofia deve abandonar a busca por fundamentos últimos e se engajar no debate cultural".